UE – 01. Antes de começar vou ressaltar que me encanta esse seu jeito, essa sua quase baianidade de ser. Ruy, meu querido, o que te impulsionou a editar?
RV - Foi principalmente o incentivo de amigos. Sonhava ter um livro editado e quando me vi com economias suficientes, simplesmente o fiz.
UE – 02. Qual a sensação de editar?
RV - É como um orgasmo, uma coisa que nos completa.
UE – 03. É um músico, faz poesia sonora, musicada, daquelas que colam na nossa cabeça e não saem. É proposital isso?
RV - Não é proposital, é meramente intuitivo. O que escrevo sai assim como sai, sejam prosas, sejam poemas. Compus muitas músicas para as quais não consegui por letra e escrevi muitos poemas que não consegui musicar, mas todas são letra e música na origem.
UE – 04. O que te inspira, mestre?
RV - O cotidiano, as ruas, as paixões inevitáveis, os lugares agradáveis, as minhas raivas e idiossincrasias. Tudo é mote para se escrever.
UE – 05. É um apaixonado, disso não tenho dúvida, amar ajuda a compor?
RV - Amar é a mola mais forte, o aço mais bem temperado. Paixões sim, amor ou amores ainda mais.
UE – 06. Acredita na internet como um meio que incentiva os escritores de gaveta?
RV - Claro que sim! Agora temos meios de divulgar independentemente da timidez de cada um. A Internet nos tornou democraticamente iguais.
UE – 07. Citaria novos escritores que admira e que conheceu pela internet?
RV - Citaria muitos, muitíssimos. Se eu fizer uma lista, estará sempre incompleta, portanto cito apenas os mais recentes. Antoniel me surpreendeu muito, Wasil é um grande escritor. Allan Vidigal me arrepia os pelos, Ivone, Flá (a nossa Flávia), Maria Julia... eu falei que a lista seria incompleta...
UE – 08. Seu livro: “Almas Costuradas” foi o primeiro que listou 10% de vendas antes de ser editado pela Utopia, como se sente em relação a isso?
RV - Fico lisongeado. Dos 200 livros que já entreguei, nem 15% foram vendidos. Apenas dei de presente a quem se interessou. Vc sabia que já até vi meu livro sendo vendido na internet por um sebo virtual? Achei bacana. Sou um otimista incorrigível.
UE – 09. O que está lendo hoje?
RV - Leio e releio Julio Cortázar, seja no original seja em traduções. Leio sempre os escritores novos que conheci no Bar do Escritor. Cesar, Celso e Flá são referências cotidianas. Os poemas mais despidos de Larissa Marques não saem de minha cabeceira. Os contos bem elaborados de Liz Vidigal são presentes no meu cotidiano.
UE – 10. Tem suas influências, poderia citar?
RV - Claro. Os poetas da MPB, por exemplo. Em especial Caetano e Chico. Cortázar pela admiração que nutro por ele. Drummond, Pessoa e Vinícius são obrigatórios nessa escola.
UE – 11. Tem blog?
RV - Tenho, embora as vicissitudes da vida não tenham me permitido atualiza-lo com deveria. Fica aqui: www.suldoibira.blogspot.com
UE – 12. Como adquirir “Almas Costuradas”?
RV - Me mande um e. mail para ruy.villani@gmail.com dizendo: “quero seu livro”. A gente se acerta. Normalmente, cerca de R$ 20,00 pagam o livro e a remessa. Quem não tiver, não puder ou não se dispuser a gastar a grana, leva de presente.
UE –13. O que te inspira, Ruy?
RV - Costumo dizer que mais psicografo do que escrevo. Brincadeirinha de ateu, claro. Paixões cotidianas, cidades, casario, calçadas, pessoas que nos foram significativas, o sentimento amoroso em si, tudo me move os dedos neste teclado.
UE –14. O que te impulsiona continuar nesse meio?
RV - A mera realização pessoal. Tenho filhos, tenho neto, plantei árvore. Agora também tenho um meio de as pessoas saberem, via leitura, o que penso e como sou. Não me bastou ser (um pouquinho) conhecido pelos aspectos técnicos onde a profissão me levou. Sou mais fundo do que meu ofício. Sou meu vício.